Agenda 2023

O Sentimentalismo Tóxico que está Matando a Sociedade

Texto de Clube Austral

O problema não é que Joãozinho não possa ler. O problema não é nem que ele não possa pensar. O problema é que Joãozinho não sabe o que é pensar; ele confunde pensar com sentir Thomas Sowell

 

Ao longo das últimas décadas temos acompanhado, em nossas universidades (a exemplo do que também tem ocorrido nas demais instituições de ensino), o avanço de um ímpeto anti-intelectual, o qual tem criado um ambiente ideologizado e cada vez mais distante tanto da preocupação com a busca pelo conhecimento quanto dos problemas reais. Nossas universidades têm se afastado de seus propósitos mais nobres, os quais constituem seus alicerces desde sua origem: busca pelo conhecimento – o que inclui sua preservação e fomento – e prosperidade.

Dado sermos naturalmente inclinados ao saber (sua busca), a universidade foi, na Idade Média, uma fascinante e revolucionária criação humana (e cristã), cujo propósito foi não apenas fazer avançar o conhecimento (e a prosperidade – material e ‘espiritual’), mas desenvolver nossas capacidades visando nosso “florescimento humano”.

Todavia, esses alicerces têm sido abalados por décadas de uma espécie de ‘educação sentimental’ (e ideologizada), a qual nos trouxe a situações tóxicas, como aquelas expressas nos burlescos mantras entoados pela esquerda, os quais não dizem coisa alguma e intentam apenas causar um efeito emotivo (propósito felizmente cada vez mais fracassado, aliás). E o resultado desse modelo degenerescente nós o observamos empiricamente: não apenas nossas universidades estão, hoje, constituídas por diversos sujeitos intelectualmente incompetentes e confusos moralmente (sobretudo nas ‘humanidades’, na administração e em seus sindicatos), mas esses mesmos sujeitos formam muitíssimos jovens também incompetentes e alienados moralmente.

Dado estarem preocupados sobretudo com manter sua doutrinação em detrimento da educação, isto é, uma vez que promovem uma (de)formação desconectada de ideias como ‘mérito’ e ‘eficiência’, por exemplo (categorias banidas de nossas instituições de ensino por serem, segundo a Intelligentsia – essa “elite” intelectual que se arroga a autoridade para guiar a sociedade – oriundas do demonizado “mercado”), os resultados dessa incompetência se deixam mensurar por pesquisas como aquela intitulada “Estudo especial sobre alfabetismo e mundo do trabalho” (Instituto Paulo Montenegro – 2016), a qual descobriu que apenas 22% dos que estão em vias de concluir (ou que recém concluíram) um curso “superior” são proficientemente alfabetizados.

Ou seja, nossas Universidades têm formado, especialmente nas ‘humanidades’, analfabetos funcionais especialistas em temas irrelevantes atinentes ao ‘multiculturalismo’, à ‘ideologia de gênero’, à ‘Escola de Frankfurt’, ao ‘pós-estruturalismo’ e ao ‘pós-modernismo’, altamente “qualificados” para discutir temas como ‘preconceito linguístico’, ‘sexualidade fluida’, ‘decolonialismo’, ‘mansplaining’, ‘manterrupting’, ‘gaslighting’, “políticas afirmativas”, ‘políticas redistributivas’ e tantas outras tolices engendradas desde dentro de nossas universidades e simplesmente ignoradas pela sociedade civil, a qual paga (mediante seus impostos) para que alguns realizem suas licenciosidades acadêmicas.

E quanto à confusão moral que mencionei acima, ela aparece em dados referentes à saúde mental de nossos estudantes: 80% deles sofrem de problemas emocionais. São jovens (de)formados em nossas universidades, os quais já não possuem referencial algum, perdidos em um mundo no qual não há absolutos morais. Ora, desde a ‘regra de ouro’ (tratarmos os demais como gostaríamos de ser tratados), passando pelo decálogo (em comandos do tipo “não matarás”, “não adulterarás”, “não furtarás”, “não darás falso testemunho”, “não cobiçarás”, etc), houve um processo de seleção natural que solidificou certos valores e instituições, sem as quais não teríamos prosperado individual e coletivamente.

Em suma, termos adotado certos valores “absolutos” assegurou que chegássemos ao mundo civilizado (daí a importância de eles serem conservados). Não apenas isso, a busca pelo conhecimento objetivo, real, teve um papel imprescindível em nosso avanço civilizacional. Ou alguém realmente acredita que Copérnico, Galileu, Newton, Kepler, Boyle, et al, consideravam que todo o conhecimento é mera “construção”, que é tudo uma questão de “perspectiva”? Do fato de eles realmente buscarem pelo conhecimento objetivo adveio a “Revolução Científica” da qual até hoje nos beneficiamos, apesar da mentalidade sentimentalista (incontinência emotiva) vigente em nossas universidades. Sem falar nos princípios liberais que assoalharam o caminho para nossa prosperidade econômica, também ameaçada pela mentalidade sentimentalista (“vitimista”). Assim, a educação tradicionalmente avançou a partir da busca pelo conhecimento (objetivo), seja no plano prático (moral), seja no âmbito do conhecimento teórico.

Não obstante, ao longo do século XX se desenvolveu uma mentalidade sentimentalista, tóxica, que passou a colocar em risco os progressos obtidos ao longo dos séculos precedentes.
O resultado dessa mentalidade aparece em exemplos como o de Adam Wheeler, que (embora seja um homem branco estadunidense) declara ser uma mulher Filipina, pois é assim que ele se sente. Trata-se de um “transgênero transracial”. Sem falar no homem canadense de 52 anos que abandonou a mulher e os filhos para se assumir como uma menina de 6 anos chamada Stefonknee Wolscht (tendo sido “adotado” como filhinha de outra família). Que dizer, então, da norueguesa que, desde os 16 anos, se assumiu como um gato, pois é assim que ela se sente? Essa é a ladeira escorregadia de um tipo de ideologia que, em algum ponto, se autodestrói e arruína tudo pelo caminho. Afinal, casos como esses são cada vez mais frequentes. Pergunto-me o que diriam disso os cientistas suprarreferidos.

Mas o ponto é: quando colocamos a primazia em como nos sentimos, abrimos o caminho para que sujeitos perturbados possam dar vazão às suas psicopatologias.

O avanço do conhecimento, em todas as suas formas, sempre esteve alicerçado sobre uma mentalidade “funcional”, capaz de se expressar, de calcular, de compreender, de aperceber-se, etc. Noutros termos, as ciências, em todas as suas formas, sempre mantiveram em mente o sujeito “funcional”, capaz de raciocínio. O foco no sentimento abriu espaço para os perturbados, para que eles inserissem suas patologias nas ciências e na sociedade civil, colocando em risco os avanços do conhecimento e, mesmo, do salus populi. A raiz disso está, em grande parte, em correntes como as do ‘pós-estruturalismo’ e do ‘pós-modernismo’.

A partir delas, e de sujeitos transtornados como Foucault, por exemplo, advieram diversos flagelos para as ciências em geral e para a sociedade em particular. Se na modernidade autores como Newton (“Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”), John Locke (“Ensaios sobre o Entendimento Humano”), David Hume (“Investigações sobre o Entendimento Humano”, “Tratado da Natureza Humana”), Immanuel Kant (“Crítica da Razão Pura”), et al, escreveram obras descrevendo a estrutura funcional de uma mente inteligente, a partir do ‘pós-estruturalismo’ e do ‘pós-modernismo’ passamos a ter obras que poderiam ser intituladas “Ensaios sobre o entendimento esquizofrênico”, “Investigações sobre o entendimento com transtorno mental”, “Crítica da razão pura bipolar”, “Princípios Matemáticos da Filosofia Antinatural”, “Tratado da Natureza Inumana”, etc. Falar em um “Tratado da reforma do intelecto” (obra clássica de Spinoza) pode se tornar politicamente incorreto: como assim falar em “reforma” do intelecto? Isso parece indicar que há intelectos a serem reformados. Ora, isso fere o sentimento daqueles cujo intelecto carece de “reforma”.

Em resumo, o foco no disfuncional deveria ter apenas um propósito: compreender o transtorno e tratá-lo adequadamente. Não obstante, após décadas de ‘pós-estruturalismo’ e de ‘pós-modernismo’ o disfuncional passou a ser não apena aceito, mas frequentemente estimulado, enaltecido e visto com glamour.

Dessa forma, dado que estamos imersos nesse sentimentalismo, a razão acaba por ser abandonada e imergimos nas afecções patológicas, deixando de lado o debate a partir de razões e fatos. Na verdade, não importam as razões e os fatos na medida em que eles podem causar alguma mágoa ou ofender. Já existem inclusive rótulos estabelecidos para aquele que ouse colocar em discussão certas questões: se alguém questiona o sistema de cotas, então ele é racista; se ele questiona o feminismo e o aborto, então ele é misógino; em suma, se ele questiona as ideias que formam o mainstream acadêmico, então ele deve estar enlouquecido, ser “fascista”, “coxinha”, etc (comprovem empiricamente: vejam as reações aos textos que problematizam tais questões). E assim por diante. Nunca o uso da falácia ad hominem foi tão comum (na verdade, vivemos a época da apologia às falácias): ataca-se o sujeito, assassina-se sua reputação, não seus argumentos ou os fatos para os quais ele aponta.

Mas nem tudo está perdido: há uma verdadeira resistência em nossas universidades. Afinal de contas, resistente e resiliente é o professor que ocupa integralmente sua aula para seguir um plano de ensino pensado para qualificar a formação do aluno, ao invés de um desarrazoado “lúdico” voltado para a mera diversão e para a satisfação de certas perversões acadêmicas (focadas em temas do ‘multiculturalismo’, da ‘ideologia de gênero’, do ‘pós-modernismo’, etc), as quais têm transformado as universidades em pardieiros; resistente e resilente é o estudante que assiduamente participa das aulas, estuda com diligência e foca em seu futuro (pensa prospectivamente), adotando seu curso como vocação pessoal e como forma de promover a prosperidade pessoal e social.

Essa é, hoje, a verdadeira resistência na universidade.

Os entoadores dos mantras da esquerda são, por outro lado, apenas mimados chorões incapazes de encarar a realidade. São justamente os mesmos que exigem “safe spaces”, “trigger warnings” e que tentam calar, aos gritos e com ofensas, todo aquele que “fere sua existência” com argumentos contrários aos seus sentimentos. Isso (bem como se autovandalizar) não é “ser resistência”: é simplesmente ser covarde.

 

[Atualizado] THREADs do Governo de Jair Bolsonaro – Thread 30

Fonte
Clube Austral

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