Tecnologia

Real Digital: Banco Central tira moeda virtual do papel

Real Digital não será uma criptomoeda como o bitcoin, pois terá lastro na moeda corrente (o real), tornando-a estável

Idealizado pelo Banco Central, o Real Digital será uma extensão virtual e estável (stablecoin) da nossa moeda comum. A iniciativa faz parte de uma tendência mundial de modernização financeira, diante do avanço da digitalização.

Destacam-se nessa empreitada países, como a China, Nigéria, França, Canadá e Uruguai, que já estão na fase piloto de suas respectivas versões de moeda digital de banco central (CBDC, em inglês).

A novidade do momento é que as primeiras unidades do Real Digital devem ser criadas nesta quinta-feira (20), segundo informações obtidas pela coluna de Ronaldo Lemos na Folha de S.Paulo.

A fonte seria um membro do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT), plataforma de lançamento de produtos inovadores, do Banco Central em parceria com a consultoria Fenasbac.

Como a moeda digital está sendo criada?

O assunto teria surgido com a participação de dois membros do LIFT na conferência Meridian, na Itália, voltada para aplicações práticas de tecnologias de blockchain e criptomoedas, inclusive das stablecoins.

E qual o papel do LIFT? Diante de seu foco em inovação, a plataforma tem o LIFT Challenge, desafio ligado a assuntos específicos para empresas e consórcios, que devem trazer propostas para essas soluções.

  • O Real Digital é o interesse central da atual edição, que vem pesquisando casos de uso e viabilidade tecnológica da moeda digital. Em março, o LIFT selecionou 9 de 47 projetos para avaliar a sua aplicação em diversos aspectos.

Dentre as empresas selecionadas estão o Banco Santander Brasil, a Federação Brasileira de Bancos (Febranan), Itaú Unibanco, Visa do Brasil, Mercado Bitcoin e outras.

Projetos privados ajudam na criação do Real Digital

“Esse portfólio de propostas se alinha às diretrizes do Real Digital”, explica a página oficial do LIFT. Além disso, o conjunto de projetos explora “as principais questões relevantes à implantação do Real Digital para debatê-las de forma a aprofundar em sua compreensão, amadurecer modelos de negócio baseados nessa tecnologia e, assim, dar continuidade ao processo de criação de uma moeda digital”, completou.

Os projetos foram colocados em prática no mês passado, e devem ser concluídos em fevereiro de 2023, com resultados apresentados à sociedade. Atreladas a todos esses processos, as primeiras unidades do nosso CBDC indicam um passo importante para uma das maiores revoluções financeiras do Brasil, desde o lançamento do queridinho Pix.

Qual a próxima etapa da CBDC brasileira?

Dessa maneira, o Real Digital caminha para sua fase de testes. Ou seja, serão feitas simulações para verificar falhas, que serão corrigidas antes do lançamento da versão estável, prevista para 2024. Mas como tudo vai funcionar?

  • A moeda virtual brazuca vai rodar na tecnologia blockchain, cuja operação acontece 24h/dia de modo global. Em outros países, a ideia é aproveitar essa capacidade para transações instantâneas. No Brasil, porém, o Real Digital será pensado de modo diferente e, para entender o motivo, basta ligar os pontos: já temos o Pix para cobrir esse tipo de necessidade.

Essa possibilidade veio à tona durante o Fintouch 2022, evento de fintechs que rolou no começo do mês em São Paulo, e teve a participação de integrantes do Banco Central e representantes das principais instituições financeiras do país.

O que será transformado com o Real Digital?

Na previsão desses especialistas, o Real Digital poderia explorar a blockchain para reforçar a segurança em diversas situações de compra. Em entrevista à Exame, Aristides Cavalcante Neto, chefe-adjunto do setor de tecnologia e informação do Banco Central, usou como exemplo a venda de um carro usado, em que seria possível firmar um contrato para pagamento pré-programado.

Assim, sua efetivação aconteceria apenas após a transferência de titularidade do veículo para o novo dono.

No dia a dia, é também esperada uma mudança radical em relação a produtos e serviços tão presentes em nossa rotina. Isso deve resultar, por exemplo, no fim do cartão de crédito, diante da integração entre vários bancos (open banking) em um só lugar. Algo similar deve acontecer com as contas bancárias, afinal o Real Digital funcionará como uma carteira digital.

Moeda digital e a era da economia digitalizada

Problemas com conexão também ficarão no passado, pois a promessa é de que tanto o CBDC quanto o Pix rodem offline. Outra ideia do recurso é facilitar o combate a fraudes e roubo de dinheiro, por meio do rastreamento de transações suspeitas — lembrando que a moeda digital tem lastro na moeda oficial. Cédulas de papel? Certamente serão itens colecionáveis…

Olhando para os últimos anos, não restam dúvidas de que o Brasil está caminhando para a vanguarda do sistema financeiro moderno global. Inclusive, temos exemplos interessantes, como o próprio Pix, além do open banking, open finance e agora o Real Digital. Sabemos que nem tudo são flores por aqui, mas vale a pena trazer um respiro de positividade, não é mesmo?

Fonte
TEC MUNDO

Edição

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