Parque Estadual do Espinilho
O Parque Estadual do Espinilho foi criado através do decreto nº 23.798 em 12 de março de 1975, possuindo, na data de sua criação, 276 hectares. No ano de 2002, o parque foi ampliado para 1.617,14 hectares. Localizado no município de Barra do Quaraí, extremo sudoeste do Rio Grande do Sul, o parque está inserido na área de influência da microbacia do arroio Quarai-Chico, às margens do rio Uruguai, a 765 quilômetros de Porto Alegre.
O Parque Estadual do Espinilho abriga uma formação vegetal de alta singularidade ecológica: a Savana Estépica Parque. Esta vegetação é homóloga a que ocupa as províncias de Corrientes e Entre Rios, na Argentina. Ocorre no Paraguai e no Norte do Chile, mas no Brasil é endêmica do município de Barra do Quaraí. O parque também abriga formações de Floresta Estacional Decidual Aluvial (as Matas Ciliares), que constituem um sistema de grande diversidade biológica, servindo de corredores e refúgios para muitas espécies.
As cinco espécies arbóreas componentes da vegetação do Parque do Espinilho são descritas quanto a seus principais aspectos morfológicos, apresentando-se, também, considerações sobre a dispersão geográfica, uso e efeito estético das mesmas. O Parque do Espinilho é caracterizado pela associação das espécies “Prosopis affinis” (Inhanduvá) “Prosopis nigra” (Algarrobo) “Acácia caven” (Espinilho) “Parkinsonia aculeata” (Cina-Cina) e “Aspidosperma quebracho-blanco“(Quebracho-Branco).
O clima da região é subtropical úmido, sem estiagem, com médias anuais de precipitação de 1300 mm e temperatura de 23,4°C. Porém, as temperaturas extremas podem ser negativas no inverno e passar de 35°C no verão. A área do parque apresenta dois tipos de fitofisionomia: Savana Estépica Parque e Mata Ciliar. A Savana Estépica é composta por árvores afastadas umas das outras de forma homogênea, não havendo sobreposição de copas e permitindo o desenvolvimento de um tapete gramíneo-lenhoso. É formada principalmente por uma associação de três leguminosas arbóreas, espinhosas e caducifólias que raramente superam 5 m de altura: Prosopis affinis, Prosopis nigra e Acacia caven. A Mata Ciliar compõe-se principalmente por representantes das famílias Myrtaceae e Fabaceae. Distribui-se ao longo do arroio Quaraí-chico e, próximo à sua foz, onde é mais preservada, apresenta uma maior variedade florística do que a formação de Savana Estépica Parque.
O Parque abriga ainda uma quantia enorme de animais silvestres, destacando-se o Cardeal amarelo (Gubernatrix cristata), que é endêmico do Parque, ou seja, é encontrado apenas na área composta por espinilhos, inhanduvays e algarrobos. Os formigueiros gigantes, da formiga cortadeira Atha wollenweideri podem ser observados em grande área do Parque. Podemos observar ainda o gato do mato, gato palheiro, puma, lobo-guará, capivaras, tatus, jacarés, emas, veados campeiros, veados mateiros e aves das mais variadas, inclusive milhares de aves migratórias.
O Parque do Espinilho pede SOCORRO. Esta UC necessita de divulgação para que possa ser conhecida e assim, ajudada em sua proteção, como a única UC deste tipo de vegetação descrita para o Brasil. Esta vegetação, além de ser vista no PESP, pode ser também encontrada na Argentina, no Uruguai e na África.
O PESP não é conhecido e nem divulgado porque neste afastado rincão brasileiro raramente sentimos a ação dos governos centrais realmente interessados na promoção dos valores sociais, econômicos e ambientais que encontramos por aqui e perecem pelo descaso, cada vez mais marginalizadas por políticos interessados em políticas mais vistosas, em promover ações em UCs mais próximas a Capital, pois dão mais visão a população. Neste momento nos perguntamos por quê??
Move-nos o pensamento de que o meio ambiente não possui fronteiras — somos um conjunto de populações fortemente influenciadas pelas culturas regionais, o que nos aproxima, nos identifica e muitas vezes nos diferenciam de nossos próprios compatriotas.
É desse amálgama de sentimentos, que brasileiros, uruguaios e argentinos superaram limites e diferenças, para escrever numa só língua a triste paisagem de um Parque lamentavelmente abandonado pela ineficiência e a incúria de muitos governos.
Precisamos conhecer para poder preservar e o conhecimento, por parte da população é uma oportunidade única de promover o desenvolvimento sustentável de toda esta região tão carente de atenção governamental, levando ao conhecimento do restante deste grande País as maravilhas singulares que esta Unidade de Conservação nominada de Parque Estadual do Espinilho apresenta.
Texto de MSc Francisco Valls de Moraes
Biólogo e Perito Judicial
CRBio 06D (AM,RR,RO, AM, PA)
CRBio 03D (RS)