“O que começa mal, acaba mal” dizia minha avó.
Há 12 anos, em dezembro de 2010, Joseph Blatter, presidente da FIFA naqueles anos, anunciou que a Copa do Mundo de 2022 seria disputada no Catar. Os únicos que pularam de seus assentos felizes como vermes foram os membros da família real Al Thani. Eles são os mestres e senhores do Qatar.
Este pequeno país, situado no Golfo Pérsico tem a terceira maior reserva de petróleo e gás do mundo e sua única fronteira terrestre é com a Arábia Saudita, com a qual os Al Thani se dão muito mal. A população Qatar é de 2.931.000 de habitantes, dos quais 2.750.000 (90% da população!!!) são estrangeiros, em sua maioria trabalhadores imigrantes.
No Catar, a palavra democracia é uma piada de mau gosto. Lá, quem corta o queijo é a família Al Thani. O Sheikh Tamim Bin Hamad Al Thani tem, 42 anos de idade, três lindas esposas e uma fortuna em torno de 450 bilhões de dólares.
Como os Al Thani não sabiam o que fazer com tantos petrodólares, eles criaram a Qatar Investment Authority (QIA) que investiu bilhões em empresas estrangeiras como a The Shard, Barclays Bank, Harrods e Sainsbury’s e passaram a comprar e construir prédios luxuosos e a comprar empresas, clubes de futebol, entre eles o Paris Saint Germain. Além disto, a QIA é dona de uma parte do edifício mais alto da Europa. Eles possuem mais de 4 mil propriedades no Reino Unido e, só em Londres, tem mais propriedades do que a família real britânica! Alguém sugeriu que eles financiem as ONGs que trabalham para alimentar as crianças famintas do mundo… mas eles não concordaram.
Um dia, a família Al Thani resolveu comprar uma Copa do Mundo de Futebol e compraram uma Copa do Mundo de 2022! E foi muito barato para eles. Pagaram um milhão de dólares para alguns delegados da Concacaf (América Central), um milhão e meio para outros da Conmebol (América do Sul), uns dois milhões aqui e outro ali… Dizem que o craque francês Michel Platini, que fingiu ser incorruptível, cobrou 7,5 milhões de dólares.
O argentino Julio Grondona, então Vice-presidente Executivo e Presidente Financeiro da FIFA (falecido em 2014), embolsou 10 milhões de dólares por garantir a Copa do Qatar em 2022.
A realeza catariana imediatamente começou a trabalhar, construindo estádios de futebol, em um país onde ninguém jogava futebol. O projeto original era para 12 estádios, mas ficaram em 8, um deles removível, que vão “doar” para algum país onde se joga futebol. Para construir estádios, hotéis, aeroporto, rodovia, shopping centers, precisavam de mão de obra barata e trouxeram milhares de trabalhadores imigrantes, mediante um sistema de escravidão chamado “kafala”, que consiste em dar todo o poder a um “patrocinador” que contrata imigrantes e os explora com até 18 horas de trabalho por dia, com temperaturas diárias entre 30° a 50°C… à sombra! O “patrocinador” retém os passaportes dos trabalhadores que ficam impedidos de pedir demissão ou mudar de emprego. Sem esse sistema perverso, seria impossível construir o que foi construído
Os 8 estádios luxuosos do Qatar estarão lotados de fãs do futebol por 30 dias e vazios por toda a eternidade! São 8 estádios espetaculares manchados de sangue! Desde 2010, uma média de 12 trabalhadores por semana morreram no trabalho. Um total de cerca de 6.500 trabalhadores imigrantes morreram por uma Copa do Mundo… E viva o futebol!
Os números de mortos fornecidos por relatórios do The Guardian, BBC (Inglaterra) e Anistia Internacional são os seguintes: Índia, 2.711; Nepal, 1.641; Bangladesh, 1.018; Paquistão, 824; Sri Lanka, 557. Isso sem contar os trabalhadores do Quênia e das Filipinas, cujos registros de migração não foram mantidos.
A Copa do Mundo de 2022 no Qatar será realizada em um território onde as mulheres estão proibidas de praticar esportes. Lá, a jornalista mexicana Paola Schietekat, de 27 anos de idade, que trabalhou no Comitê Organizador da Copa do Mundo durante quase um ano e meio, foi condenada a sete anos de prisão, mais cem chicotadas, em 19 de fevereiro de 2022, por ter denunciado um colega colombiano que a estuprou em território catarense. O estuprador era casado e, então, a mulher estuprada se tornou a culpada, pois, de acordo com a lei islâmica no país, só pessoas casadas podem ter relações sexuais.
A Copa do Mundo de 2022 terá duração de um mês, durante o qual as fábricas do Qatar estarão trabalhando em capacidade plena para manter a climatização dos 8 estádios, hotéis, centros turísticos e comerciais. Como consequência, lançarão por hora na atmosfera poluentes que equivalem à liberação de motores de dez mil carros sem catalizadores e filtros. Tudo isto é para a “Festa do Futebol”, porque esporte é saúde, não é mesmo?
Mas há uma sombra mais sinistra sobre a Copa do Qatar: a possibilidade latente de ataques terroristas. Os muçulmanos não esquecem, nem perdoam, mesmo que digam sim. A família real do Catar financiou facções terroristas sombrias na Síria, Iraque, Afeganistão e Líbia. Neste último país, eles financiaram os terroristas que assassinaram o líder Muammar Gaddafi em outubro de 2011. Por que não estragar “A Festa” da realeza pró-ianque do Qatar? Ninguém fala sobre isso e todos cruzam os dedos, rezando para que nenhum muçulmano suicida se torne mártir, explodindo-se no meio de uma multidão de pessoas, como aconteceu em 2021 no aeroporto de Cabul.
Na Europa, a Copa do Mundo no Catar é chamada de “Copa do Mundo da Vergonha”. Há um movimento nas cidades francesas (Paris, Marselha, Bordeaux, Estrasburgo, Lille, etc.) para que não se coloquem telas gigantes em locais públicos. É uma forma de protesto contra uma Copa do Mundo que tirou a vida e os sonhos de milhares de trabalhadores imigrantes, com os quais ninguém se importou.
Tudo isso, por capricho da família Al Thani, que em 2010 comprou uma Copa do Mundo, em plena crise mundial, com crescente poluição, com graves alterações climáticas, com milhões de pessoas deslocadas pela fome e uma guerra nuclear no horizonte!
E viva o futebol!!!