Ativistas do Respeito à Constituição [Resposta ao Jornal ZH]
PUBLICAÇÃO/OPINIÃO do Jornal ZH se encontra no link abaixo
Apesar de já há muito não acompanharmos mais o que publicam os veículos da RBS, isso não muda o fato de que se tratam de veículos de comunicação tradicionais e como tais se esperaria estarem mais atentos aos princípios básicos do jornalismo, como responsabilidade e ética, ao menos em editoriais.
Mesmo um repórter iniciante na vida profissional sabe que redigir um texto ouvindo apenas um lado da questão irá resultar numa matéria capenga.
Ainda mais se for redigir um Editorial baseado em apenas um lado da questão e, pior, colando rótulos avulsos no lado que sequer ouviu. Mais do que um ataque gratuito sujeito a direito de resposta e dano moral, uma gafe primária da qual bons jornalistas privam-se de cometer.
Por partes:
1 – “Ativistas do Constrangimento“, é o título do Editorial de 22/06/2022 no jornal ZH. A quem chama de “ativistas”? A palavra em si tem muitos sentidos e, neles, todos somos, de alguma forma, ativistas; o próprio Editor o provou ser, o que por si só já torna o título fraco jornalisticamente. Seria como anunciar “Choveu”. Quanto a ativistas do “Constrangimento”, por quê? Por acaso esse editor serviria um café na sala a um meliante convidado pelo vizinho para entrar em seu condomínio? Pois é. De qualquer forma, o constrangimento à parte não ouvida para tal redação fica evidente nesse editorial.
2 – “Os Ministros do STF não são e nem devem ser imunes a críticas e contestações legais de suas decisões“. De fato, deveriam ater-se ao âmbito das ações legais constitucionais e, assim, as criticas e contestações também o seriam. No momento que optaram, na contramão do mundo civilizado, por agir pública e politicamente, passaram a ser contestados também fora dos autos. É o ônus do bônus.
3 – “…o repetido cancelamento de palestras presenciais de magistrados da corte na Serra Gaúcha (a propósito, Serra Gaúcha é nome próprio e começa com maiúscula) por pressões e ameaças de grupos políticos, afronta o bom senso, a livre manifestação e a própria democracia“, argumenta o editor. Pressões, sim, fazemos, como fazem sindicatos, associações, jornais, inclusive associações de jornais fazem pressões, porque esse é o seu propósito natural. Mas a que “ameaças” o editor se refere? Um grupo de mulheres, boa parte idosas, manifestando-se contra a presença de ministros em sua comunidade, constitui ameaça? A quem? E a que
“grupos políticos” o editor se refere? Dê nomes. Se não os têm, como um jornalista que se preza pode definir o que não conhece? Porque, em Bento Gonçalves, a contestação surgiu organicamente e assim tomou corpo. E, dela, depois, decorreu a CARTA DE GRAMADO, assinada por 18 Grupos de cidadãos comuns que finalmente estão percebendo a necessidade de se organizarem para defender suas famílias, sua pátria, seu chão, inclusive a própria instituição do STF e especialmente o cumprimento da Constituição, a mesma que tais togados provaram desrespeitar tendo dantes jurado proteger.
4 – “..ameaças de arremessos de ovos em magistrados...’ Não é esse o modo como se manifestam os membros dos 18 Grupos de cidadãos que assinam a CARTA DE GRAMADO, mas na população em geral percebe-se que a revolta contra a atitude de determinados ministros do Supremo é grande e está crescendo. Por que será?
5 – “…Ainda que se possa admitir a presença de indesejável ativismo político..” Indesejável por quem? Sendo escrito pelo editor, é indesejável pelo jornal, está claro. Ativismo político de quem?
Segundo nossos antigos avós imigrantes italianos e alemães, “quem tem o suspeito, tem o defeito”.
6 – “…A ninguém é lícito ameaçar, constranger ou censurar quem quer que seja, independentemente da motivação“. Em primeiro lugar o editor poderá ter que provar judicialmente a acusação que faz, de que houve ameaça. Em segundo lugar,
Temerariamente, esse editor está deixando claro a meliantes e ladrões que, em sua casa, não irá constrangê-los nem censurá-los, independentemente da motivação que possa ter na hora. Como se vê, todos são iguais, à excessão dos desiguais.
7 – “…Quem ataca a instituição, mesmo que seja na pessoa de um de seus representantes, está atacando a própria democracia“. Opa? De onde saiu essa definição disforme? Um jornalista que tem conceito profissional a zelar, não emite conceitos sem referir pelo menos uma fonte. Os 18 grupos que assinam a CARTA DE GRAMADO são muito claros na CARTA DE GRAMADO: “Em defesa da Instituição STF”. Quem está desrespeitando a instituição STF e a Constituição são alguns dos que juraram defendê-la. E, quando isso acontece, cabe ao POVO se organizar dessa forma e manifestar-se exatamente dessa forma para proteger a sua Constituição.
8 – “…O lamentável é que pessoas bem intencionadas, por desconhecimento ou constrangimento, acabam se submetendo às pressões e, de certa forma, apoiando ações antidemocráticas…” Desconhecemos essas pessoas.
Aqui todos sabemos muito bem o que estamos fazendo e o que são ações antidemocráticas. Por decisão desses ministros (ADPF 672/2020) os governadores fizeram o que quiseram com o povo durante a pandemia. Em Gramado e Canela, especificamente, o então governador enviou a tropa de choque, a cavalaria e até controle policial foi feito de helicóptero para impedir que fosse aberto qualquer estabelecimento dessas cidades. Em todo o Brasil tivemos mulheres e jovens presos apenas por estarem em praça pública e praias, tivemos até jornalistas e parlamentares com sua liberdade civil e patrimonial desrespeitada, presos por “crime de opinião’ (que inexiste no Código Penal) ao criticarem atitudes de detentores de cargos públicos que não se fazem respeitar. Ministros ameaçando de prisão qualquer cidadão que ouse questionar a segurança de urnas eletrônicas, quando o mundo
inteiro sabe que não existe ambiente 100% seguro se restrito ao meio digital. Nós não esquecemos disso e de muito mais. Nunca mais serão bem-vindos em solo gaúcho.
9 – ….”O Brasil precisa de segurança jurídica..” De fato. Mas esse editor que aparenta ser inexperiente deve dirigir sua cobrança ao foro competente, à fonte responsável pela atual insegurança jurídica, que são justamente alguns membros do STF. Se é que será ouvido.
10 – Por fim, a Comunidade de Gramado está de parabéns por respeitar o povo brasileiro como soberano dessa Nação, cuja ordem e segurança jurídica está sendo colocada em alto risco pela atitude de alguns ministros do STF, como comprova a indevida prisão preventiva do ex Ministro da Educação, para a qual o juiz arguiu basear-se
em precedente de um Ministro do STF.
Com isso tudo, Gramado perdeu uma hospedagem de alguns “juristas”, boa parte dos quais subsidiados com verbas públicas de prefeituras (às quais o evento estabeleceu um depósito mínimo de R$800,00) para estarem ali. Mas, como quem sustenta verbas públicas é o povo, de fato Gramado nada perdeu.
Ganhou, sim, em conceito nacional, em simpatia do povo brasileiro, de seus turistas que apoiaram e aderiram organicamente ao manifesto das Mulheres de Direita de Gramado, e ganhou um presente especial, o Encontro de centenas de Motociclistas nesse domingo, atraindo ainda mais a atenção nacional.
Nossos Parabéns ao Povo de Gramado! Ao contrário do que pensa o jornal, expresso em seu editorial, o povo de Gramado demonstrou que tem, sim, muito conhecimento, que não cede a constrangimentos, nem de togados e nem mesmo de veículos de mídia que talvez possam estar -esses sim- submissos a pressões.
A nós, interessam os fatos, não as narrativas. Juízes devem ser sempre imparciais.
O mesmo é recomendável ao jornalista. A imunidade cognitiva da parcialidade impede de conhecer a verdade; e o dever da imprensa é permitir saber dos fatos.
Quando os manipula com narrativas parciais, degenera em jornalismo marrom ou, no popular atual, “jornalixo”.
O mal é a ausência do bem.
Nossos cumprimentos ao Povo Gaúcho e Brasileiro que, a despeito desse editorial, sempre soube perfeitamente como defender a Democracia e a Instituição do Supremo Tribunal Federal.
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